Desfiliação do Partido.


Ao Presidente do Partido dos Trabalhadores de Várzea Paulista 
Sr. Luiz Antônio Raniero
Assunto: Desfiliação do Partido.
Existem vários motivos para a minha desfiliação do PT, vou expor algumas delas que acho pertinentes nesse momento, primeira: é porque não quero mais dividir meu espaço com pessoas que deixaram de lutar, que deixaram de cumprir a ideologia; porque eu não sou a galinha morta do galinheiro, e muito menos quero assistir a briga dos galos por falta de comida no cocho.
O PT foi um partido expressivo e da esquerda, ajudei a construir sua história, vi suas políticas serem executadas, vi o exemplo que ele nos refletia. Hoje, ele representa o capitalismo, a corrupção, o nepotismo, a falência das ideologias construídas. Mas pra que ideologia? A ideologia é a formação das ideias de um conjunto, de um grupo que deveria traduzir numa histórica, e não em mentiras, eu vejo mentiras.
Os militantes e simpatizantes do PT recusavam-se aos modelos já existentes e decadentes, nós tínhamos um sonho de colocar em prática um novo modelo político - o Socialismo Democrático. Alcançamos o topo, governamos o país nesses últimos oito anos. Pagamos a dívida externa. Criamos políticas afirmativas “respeitando” a diversidade. E em 2004, nós mulheres ganhamos um presente do presidente Lula; foi eleito o ano nacional da mulher no Brasil, e aconteceu a primeira conferência de políticas para as mulheres. O presidente queria que o plano nacional fosse escrito, analisado e visto com os olhares feminino. Hoje, temos uma mulher presidenta no país, que eu tenho o maior orgulho e garanto; que essa vitória, não foi só porque o presidente Lula quis não; foi a força da mulher, ás diversas e incansáveis lutas políticas e conquistas femininas, e também pelo ícone que Dilma representa.
Nós mulheres somos 51% da população, mas de 4 milhões de eleitoras nesse país. Sempre estivemos na base familiar e atrás das cortinas e dos homens; há muito tempo estamos lado-a-lado deles, mas eles, sempre disfarçando e nos colocando para trás. É por isso que não precisamos ter medo dos nossos saltos, e muito menos das consequências que possam vir. Porque somos responsáveis pela evolução do país; pelo crescimento econômico; pela jornada de trabalho, pela educação, pelo crescimento do homem, enfim. Por tudo. Somos até responsáveis diretamente ou indiretamente pela corrupção.
Quando registrei minha pré candidatura a prefeita pelo PT na cidade de Várzea Paulista, eu não tinha intenção nenhuma de ser a prefeita; mas, de mostrar para muitos hipócritas e alienados, que “podemos quando queremos”. Eu posso, você pode, ele pode, nós podemos e “eles” podem muito mais. É assim que funciona.
Estou declarando aqui vários motivo da minha desfiliação, porque eu esperava a mudança de verdade na política de Várzea Paulista, e não dá pra entender que um cara do PT que é educador universitário tenha desrespeitado tanto seus seguidores; os pangarés; se pelo menos ele chamasse as pessoas, os caras de candangos, acredito que daria um gás psicológico nessa turma, e elas não fugiriam tanto da luta. O prefeito Eduardo Pereira como educador, deveria ensinar o certo e o errado pra todos sem discriminação e preconceito; há muito deveria saber que todos nós nascemos bárbaros; e se a gente não cuidar, nasce barbas, teremos pêlos, nossas unhas ficarão compridas e sujas. Tudo será prejudicado em nosso aspecto físico, intelectual e psicológico na história de nossa vida, nunca seremos saudáveis. Só saberemos o que é o amor, quando a gente for amada. Dá pra entender?
O ser humano, criança ou adulto, mulher ou homem, têm a necessidade de assumir importâncias, ocupar um espaço no mundo e oportunidade, entendo que isso é democracia.
Quando o prefeito Eduardo Pereira disse: “você é frustrada”, para uma companheira do PT; e pra mim indiretamente; porque é dele expor o que pensa daquele ou daquela para os OUTROS, e esses outros nos falam; - pensei: - porque ele acharia isso de nós mulheres? Sendo que ele só está como prefeito porque nós mulheres fomos a luta; buscamos votos, defendemos muitas críticas nas ruas contra ele, afirmamos sua moradia na cidade, e mas; essas “companheiras” como eles dizem da boca-pra-fora, porque não somos companheiras coisa nenhuma deles (pra não dizer um palavrões); somos apenas a exposição da figura feminina e eles sabem que trabalhamos honestamente; essas companheiras, foram candidatas a vereadoras nessas duas últimas eleições, e que muito colaboraram para que ele fosse eleito e reeleito, colaboraram para que ele fosse “O” prefeito da cidade.
Então é assim: - pra mim quando ele usou essa palavra que mal consigo falar, ele afirmou que existe e está explícito a desigualdade de gênero em sua administração, contrária dos princípios ideológicos, políticos e ético do PT Nacional que construímos, e declarou também, que é a frustração coletiva e não a individual que sucede com muitos de nós, de ter um governo petista que dizia em seus slogan Mudança de Verdade e Construindo uma Vida Melhor; que não apoia e não sede oportunidade para seus companheiros(as) e moradores da cidade, que o elegeu; isso sim é frustração. Acredito fielmente que essas pessoas contribuiriam muito para o desenvolvimento dessa cidade se as tivesse dado um pouquinho de oportunidade, da qual hoje poderíamos estar num ranking regional de crescimento e desenvolvimento, não esperando 2022 por obrigações federal. Então, esse é mais um dos motivos que não dá mais para compartilhar e acreditar nas ideologias que é pregada pelo PT nessa cidade, e por serem conduzidas de formas estúpidas, demagogas e machistas.
Refletindo tudo isso, percebi que durante esses sete anos de gestão, o prefeito se reduziu no seu eu, e pra mim ele é muito menos do que pensa de todos nós.
Porque é assim que funciona: os OUTROS é quem determina quem somos (se eu ligasse pra isso, tava frita). Ou assumimos a definição que os outros nos fazem; ou lutamos contra esse inferno que nos prende; e buscamos a liberdade; que também tem seu preço. Eu prefiro ser livre!
Vou citar outro motivo da minha desfiliação do PT de Várzea Pta; olha, não dá pra aceitar. Na administração do prefeito Eduardo Pereira, as pessoas foram desencorajadas, colocadas ainda mais na periferia do seu mundo. Essas pessoas abandonaram seus direitos naturais. Essas pessoas precisam e necessitam se manifestar, mostrar sua potencialidade, mostrar sua capacidade, suas riquezas, suas habilidades e responsabilidades mesmo com indício de erros (quem nunca errou?). Essas pessoas não podem ser estranhas para elas mesmo; privando-se do mundo, do conhecimento, da contribuição para o desenvolvimento da NOSSA cidade. Muito delas, ao chegarem no trabalho de cargo público, liga seu notebook, entra na rede social, “rede socialíssima”, planta, colhe, coloca comidinha no cocho, bate no cocho chamando as galinhas, as vaquinhas e os pangarés pra comer, depois ganha bônus virtual, ficam felizes; aí, começa tudo de novo e blablablá. Não parece, mas essas pessoas são deprimidas, subjugadas, elas têm vergonha de não fazerem absolutamente nada; mas estão ali; elas são escravas do provento, do poder, não são livres do desperdício do seu tempo, não percebem que os outros estão apagando e escrevendo outra história em suas vidas, é irreversível. São escravas de um cargo público que não se produz, que não se desenvolve, que não se aprende, que não se ensina.
O mundo dá voltas, e quando ele voltar para o mesmo ponto, muitas coisas podem estar juntas, ou, ele pode chegar diferente. Entendeu?
Então é assim: - continuando com os motivos de minha desfiliação - meu professor de pós graduação disse numa aula mas ou menos assim: nem pais, nem educadores podem pedir pra uma criança se calar. Ela deve ser ensinada, ela deve saber a importância da fala, aprender a falar, a ouvir e saber porquê fazer silêncio. O prefeito Eduardo do PT, não me ensinou nada de bom, nem ele, nem ninguém dos seus amigos que vieram de outras cidades para nos ensinar “os técnicos”; esses caras, sabiam menos do que eu, aliás, de nós juntos; vieram aqui para aprender, só que tem uma pequena diferença entre nós e eles; - pra eles, o prefeito Eduardo deu aval, salários ótimos, várias oportunidades, fizeram e desfizeram na e da cidade. Há! Eles merecem! Vieram de outra cidade, têm valor capital. Varzinos não têm. Acredito que nenhum foram chamados de pangaré e muito menos de frustrados; sei que muito dessas pessoas nunca tinham visto a figura do prefeito Eduardo, e nenhum desses caras buscou se quer 1 (um) voto para que ele fosse eleito prefeito aqui.
Quero aproveitar e agradecer nessa desfiliação o prefeito por ter me dado o cargo de chefe de políticas públicas para as mulheres em 2005; em um ano e meio, três projetos meus foram aprovados pelo Presidente Lula (R$330.000,00), e nenhum dos tantos vereadores da cidade e se eu tivesse dependido dos ensinamento dos meus chefes “os técnicos”, nenhum projeto teria tido um simples escopo. Trabalhei, mesmo sem nenhuma estrutura (a física (prédio mofado com muito pernilongos) a moral, a psicológica, a pessoal, o companheirismo que tanto o PT prega, enfim.)) faltou tudo isso e junto ganhei bônus: - os boicotes dos meus chefes (eu acho que esses caras sim eram frustrados, sabe porquê?) – mesmo com os boicotes as coisas aconteciam, fazendo sol ou com chuva, eu me acabava, mas acontecia; hoje eu rio, mas não foi nada divertido, só dever comprido. Pergunto ao prefeito o que ele pensava de mim naquela hora? Me achava frustrada?. Pra mim não têm obstáculo quando eu determino, estou sempre disposta ao desafios e busco constantemente resultados. E olha, tenho notado muitos resultados em diversos setores. Eu aproveitei e honrei cada segundo dos meus dias trabalhados e cada centavos do meu salário recebido (digamos que fosse um salário baixo para a representação histórica que fiz “invejável e pioneira” e nunca fui citada, feio né? (ética meu bem!). Aproveitei a oportunidade e aprendi sozinha, busquei; não perdi tempo em redes sociais e muito menos tive tempo de papear debaixo das copas das árvores no pátio da prefeitura municipal, não curti essa delícia. As coisa não foram fáceis, mas nada é fácil, principalmente pra nós mulheres, mas eu dou exemplos do meu trabalho. Pelo menos algumas pessoas que trabalharam ou estiveram a frente do que fiz me reconhecem e lá em Brasília eu era bem vista, era respeitada pela ministra Nilcéia Freire, pelas gestoras do país, fui citada várias vezes em fóruns, convidada a ministrar palestras, enfim, tudo pelo meu esforço, por causa dos projetos adequados e aprovados pelo governo federal; então eu posso dizer que gozei dos proventos e muito bem gozado, porque busquei conhecimentos, aprendi, sei, e fiz. Isso que é uma delícia. Tem gente que goza de outra maneira, perdendo tempo. Aqui na prefeitura como funcionária de “confiança e companheira de partido” fui sub-estimada, reprimida, humilhada, chacoteada, ameada; vi a desigualdade de gênero aqui, ali, lá.
Então é assim: - eu não aprovo a conduta do prefeito Eduardo do PT, quis muito contribuir no governo dele, mas quem realmente quer a mudança têm que sair fora. Então percebi que suas atitudes não eram da construção e sim da destruição do ser. Muito bem disfarçada mas impostas e ditadora.
Então eu sugiro ao presidente do PT Luiz Raniero para as eleições de 2012 antes de me desfiliar, que ele convoque essas pessoas que mandaram mais do que o prefeito Eduardo aqui nessa cidade – as pessoas de São Bernardo do Campo, Sumaré, Itupeva, Campinas e várias outras; que busquem votos; é, bata de porta-em-porta pedindo votos para sua candidatura. Eu, Rosângela Arregolão estarei esperando o resultado, e depois farei uma análise política da eleição.
Agora finalizo as minhas indagações: e deixo mais um registrado para justificar minha desfiliação do PT: que nas eleições de 2012 para tentar eleger você presidente do PT Luiz Raniero como sucessor, o prefeito Eduardo Pereira baterá no cocho, como disse um amigo dele que veio de uma cidade vizinha bem próxima daqui trabalhar na prefeitura de Várzea Pta – “quando o Eduardo bater no cocho todos vem correndo”; - O barulho da batida do cocho chamará a atenção das pessoas, e elas virão mesmo, na direção do barulho; saberão que ali têm comidas, bebidas e talvez a esbornia; comerão com o imenso prazer e se fartarão como um rei, ou como pangarés; comerão tanto, que não terão vontade de produzir, de aprender ou ensinar e voltarão para a sua periferia, a qual o prefeito Eduardo sempre os deixou escravos.

Rosângela Arregolão
Várzea Paulista, 03 de outubro de 2011.
Texto corrigido em 07 de outubro de 2011 às 10hs por Rosângela Arregolão

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